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terça-feira, 23 de outubro de 2018

AS CARTAS DE IWO JIMA (Exemplos de Lideranças)

As cartas são os documentos históricos encontrados na ilha de Iwo Jima. Foi escrita pelo general Tadamichi Kuribayashi, na época em que estava entrincheirado nas cavernas, criadas para resistir aos ataques americanos.

Ao contrario de “A conquista da honra”. Este revela o lado japonês da história, centrando mais no confronto em si. Ele mostra a preparação para o ataque e a própria luta contra os americanos e sua trágica derrota diante do poderio norte americano.

Neste filme os personagens que mais sobressai e o comandante Tadamichi Kuribayashi e o soldado Saigo. Sendo que o primeiro é o ponto forte da história. Ele é um líder formal reconhecido pela patente militar, ou seja, alguém que foi legitimamente elevado ao comando de um grupo de pessoas, através de um titulo general. É ele quem planeja as estratégias para evitar o ataque americano. Começa estudando o relevo do campo de batalha e usa-lo ao seu favor. Assim promoveu ataques de lugares menos provável, pegando os adversários de surpresa. Já Saigo em algumas cenas impõe-se com um líder informal. Esse é caracterizado por não ter um titulo oficial, mas o poder de influência sobre os outros o faz ser considerado como tal. Saigo dar conselhos, anima os desperançosos e auxilia um dos amigos a fugir. Ele conhece bem a mente do seu superior, o comandante Tadamichi. Consegue deduzir qual será o seu plano.

O general Tadamichi conhecia bem o seu inimigo, pois passou 2 anos no centro militar de Washington. Assim sabia onde e quando os americanos iriam atacar. Conhecia também o poderio militar do seu adversário e por isso tinha consciência que os japoneses seriam derrotado. Então seu plano era resistir ao máximo, para causar o maior número de baixas nos soldados rivais.

O filme é narrado como se fosse uma retrospectiva. Em 2005 arqueólogos trabalhavam no local que foi o campo de batalha. Dentro de um dos tuneis escavam o local onde estão as cartas. Logo o tempo retrocede, em imagens semelhantes, para o ano 1945. Saigo escava trincheira na praia da ilha.

As cores são saturadas o que combina com o relevo do lugar. Além de dar uma atmosfera trágica, ideal para cenas de guerras. Os figurinos e o cenário estão de acordo com a época em que ocorre todo o acontecimento. Já os atores conseguiram construir muito bem seus personagens. Mesmo os coadjuvantes se destacam em algumas partes da história. Cada um deles tem a sua importância na narrativa e por ele vemos a dificuldades dos combatentes como fome, falta de munição, medo, distancia do convívio familiar e mal estar físico.

Deparamos também com a figura do herói japonês que é quase sagrada. Os japoneses têm o habito de visitar os túmulos, pois eles ainda cultuam os antepassados. Eles homenagem seus heróis mortos, levando oferendas.

A CONQUISTA DA HONRA (Propaganda de guerra)

O Filme gira em torno da famosa fotografia de Iwo Jima, onde os americanos ergueram a bandeira dos EUA no monte Suribachi. Este ato representaria a conquista da ilha, pois ela era considerada um ponto estratégico para os bombardeiros ao Japão. A narrativa é contada sobre o ponto de vista de três americanos comuns. Um enfermeiro, John Bradley; um índio, Ira Hayes; e um soldado René Gagnon 

Logo após o combate, a fotografia seria usada como ferramenta de marketing, tornando três dos retratado em personalidades. O prestigio gerado também transformaria numa forma de arrecadação financeira, já que anteriormente as autoridades estavam com dificuldade de angariar dinheiro e os recursos para continuar a guerra ficavam cada vez mais escassos. Além do mais, foi uma forma de ganhar a adesão da população aos planos de prosseguir com a invasão. Os americanos estavam desanimados com a demora dos combates e a foto deu-lhe um novo brio. 


O filme busca retrata como o povo americano imagina seus heróis. Eles os veneram como se fossem estrela de Hollywood. No entanto cada envolvido no fato reagem de forma diferente a fama. René fica fascinado com a popularidade repentina. Ele não entende que é apenas um instrumento midiático e que este tempo iria passar. Ira Hayes, descendente de índio, tem a consciência que não é um herói. É um dos mais injustiçados da história, pois as mesmas pessoas que glorificam o seu feito, são a mesma que o rejeitam sua etnia. Por ultimo John Bradley, como é um socorrista foi o que teve maior contato com o horror da guerra. Assim não vê a batalha como algo enobrecedor e sim uma memória dolorosa.

Todo este espetáculo é construído para camuflar a realidade das batalhas. Na guerra os soldados estão apavorados, desanimado, inseguros e com vontade de retornar para casa. Para mostrar este contraste, as cores das batalhas tem um tom saturado e são bem impactantes, com imagens de morte, explosões, corpos mutilados. Diferencia-se do tom colorido e do clima de festa promovida em terra norte americana.

A narrativa não segue uma sequencia cronológica. Desenvolve-se por meio de recordações dos próprios soldados ou das pessoas que iriam sucedê-los. Para isso utilizou-se varias cenas de montagem paralelas e imagens semelhantes. Tanto o figurino quanto o cenário são perfeitos em retratar os anos 40.


Assim Em busca da honra se distingue ao narrar às consequências da guerra, reação dos personagens com o fato, e a política.

domingo, 7 de outubro de 2018

CARAÇA -Diário de viagem

A Igreja Nossa Senhora Mãe dos homens.

Ao subimos a escadaria da igreja chegamos ao adro. Neste espaço e aonde o Lobo Guará vem à noite para comer a refeição deixada pelo padre. Também, durante os anos de 1779 a 1876, foi um cemitério.

Depois de 1876, os corpos passaram a ser enterrado na Catacumba debaixo da igreja. O acesso a esse é pelo jardim interno do antigo mosteiro.

























De um lado encontramos a bela vista dos morros e da vegetação que o cobre, do outro a magnífica fachada da Igreja Nossa Senhora Mãe dos homens. A igreja em si foi o primeiro templo em estilo Neogótico do Brasil. O estilo contrasta com do barroco, por não ser uma arte de apelo emocional e sim racional.











No centro da igreja está torre de 48m. Toda a sua estrutura foi feita com pedra tirada do Caraça. No topo encontra- se uma cruz. Em um dos lados está o relógio. Há uma instrução. "Omni temporis hora aeternitatis Deum ("Em todas as horas que marco e bato, adora ao Deus eterno").



Percebe-se que na fachada, a decoração ilustra várias referências à fé católico. Um deles são as mãos cruzadas, símbolo de São Francisco de Assis, cuja ordem terceira pertencia o irmão Lourenço. Um braço é do Cristo, enquanto o outro de São Francisco. Contém também gravado o ano inicial da construção 1775 e o ano 1880, que referisse ao cinqüentenário da aparição de Nossa Senhora das Graças à irmã Santa Catarina Labouré.









A circunferência que forma a rosácea foi esculpida no granito. No centro dessa está a imagem de Nossa Senhora das Graças feita em ferro fundido e bronze. Ao redor lê-se a oração “Ó Maria concebida sem pecado, orai por nós que recorremos a vós”.


A igreja foi construída pelo arquiteto e diretor do colégio Jules Clavelin, superior do Caraça no ano de 1876 a 1883.


A pequena ermida foi derrubada em 1873 para que esta pude-se ser construída no local. O antigo templo não tinha capacidade para comportar o número crescente de alunos que frequentavam as missas, por isso a necessidade de ter um templo maior.

Da decoração da antiga capela sobraram dois altares que estão a direita e a esquerda, logo na entrada. Ambos foram pintado pelo mestre Ataíde entre os ano de 1806 à 1807. O da direita representa Nossa Senhora da Piedade e o da esquerda o Sagrado Coração de Jesus.




O altar principal também foi conservado e se encontra exposto no Museu do Caraça.



A arquitetura foi inspirada do estilo de construção francês, mas os matérias usados foram providos no próprio estado. A pedra sabão foi extraída  perto da Cascatona; o mármore veio das cidades de Itabirito e Mariana; e o quartzito da redondeza do Caraça e vizinhança.

Também encontra exposto um quadro pintado pelo grande mestre barroco Ataíde. A obra representa a santa ceia. Além dos 12 apóstolos, o autor também retratou mulheres participando da cena, pois a figura feminina sempre esteve presente na vida do messias e por isso não poderia deixar de retratadas. Um detalhe interessante desta obra e que Judas encara o observador diretamente. Seu olhar segui o apreciador onde quer que ele esteja. Este personagem segura um saco de dinheiro na frente. Símbolo da traição.



Logo embaixo da mesa do altar encontramos uma impressionante relíquia. A múmia do São Pio Mártir. Esse foi coberto por uma camada de cera. Ao lado está uma taça com um pouco do seu sangue misturado a areia do seu túmulo. Eu olhei mais perto e é possível ver os seus dois dentes frontais e os detalhes das unhas.



Essa é uma das 86 relíquias que o irmão Loureço mandou trazer de Roma para incentivar as peregrinações ao local. É considerada uma relíquia insigne, ou seja, o corpo inteiro de um santo. 



O corpo do santo veio de Roma, da Catacumba de Santa Ciríaca. Foi descoberta em 1792 e viajou por cinco anos, até chegar em 1797 ao Caraça. Chegou ao santuário intacto e inviolável. 


Ė impressionante olhar para o seu rosto, pois sua face expressa dor e ao mesmo tempo êxtase espiritual. 

Seu traje é branco, cheio de renda e pedrarias. Semelha-se à de um nobre militar. Ao lado, próximo a mão direita, há uma espada reta. Esse ornamento tem um significado, pois sabe- se que ele era um soldado romano. Um homem tão honroso que preferiu a morte à vergonha de ter que negar Cristo. Hoje é o guardião espiritual do Caraça. Um guerreiro estrangeiro que vela por esta nossa terra tão cheia de preciosidades espirituais, ambientais e históricas.




 
Em cima da porta de entrada encontra-se um antigo órgão perfeitamente harmonioso ao estilo da igreja. Segundo Zico possuiu 700 tubos e notas donde soa um agradável som.



O instrumento musical em questão foi construído pelo Pe. Luiz Boavida. Sua genialidade superou as limitações da época. Já que não era fácil encontrar peças prontas para montar o instrumento. A madeira foi retirada do próprio Caraça. Ele usou principalmente cedro, pinheiro e jacarandá. O cedro vermelho foi utilizado para criar o someiro, que era a caixa onde recebe o ar para ser distribuído aos tubos.



Em 1881 Dom Pedro II esteve o Caraça e visitou a oficina do mestre Boavida. Observou o órgão de perto e ficou encantado com o mecanismo. Só lamentou não ter conhecido o construtor, que estava em Pitangui cumprindo uma missão.

Mas de tudo que represente o estilo gótico. Uma das características marcante são os vitrais. A igreja do Caraça possui 5 vitrais franceses que relatam passagens bíblicas sobre a vida de Jesus.




O primeiro mostra o nascimento de Jesus. O bebê está no centro rodeado dos pais Maria e José. Atrás estão os pastores, o anjo e os reis magos.

O segundo retrata a apresentação de Jesus ao templo. Novamente vemos o casal com o seu filho e o profeta Simeão que prevê o futuro da criança e de sua mãe. Acima, separado da cena vê-se um anjo.

O terceiro mosaico encontra-se no central ė representa Jesus entre os doutores. A imagem mostra o menino discursando aos mestres da lei. Maria e José acaba de encontra- lo.

Acima há a imagem de Deus pai e o Espírito Santo rodeado por anjos.

Sabe-se que especialmente esse mosaico foi um presente do imperador D. Pedro II ao Caraça. A coroa do império está retratada debaixo do messias.

Quarto mosaico ė uma representação do cotidiano. José ensina ao filho o seu ofício, enquanto é observado por sua mãe. Anjos compõe o cenário.

O último é uma cena de Jesus adulto. O casamento de Caná, onde ele realiza o seu primeiro milagre.

Há um detalhe interessante na arte dos vitrais que só reparei ontem. Ao assistir a missa noturna percebi que os vitrais perde toda a sua beleza, pois a negritude da noite escurecem de tal forma, que torna difícil identificar as imagens e a narrativa a qual pretende passar aos peregrinos. Todo o colorido desaparece, as formas dos personagens tornam irreconhecíveis e tudo o que sobra é o negro da total escuridão. Sem nenhum esplendor, a visão fica sem graça, mas parecida com um rascunho do que uma obra de arte.




Contudo ao clarear do dia, tudo se transforma. As imagens ficam totalmente nítidas. É possível ver os traços e o colorido que dão formas ao desenho. A conclusão disso é que as pessoas que estão na escuridão, são incapazes de entender a mensagem de Deus. Precisamos da luz, para compreender a mensagem celestial, e a luz do mundo é Jesus.




sábado, 6 de outubro de 2018

CARAÇA - Diário de viagem




Antes de descrever sobre a minha viagem, ė importante avisar que, ao visitar o Caraça, o turista não deve se comportar como se estivesse indo a uma festa. O ambiente não é um lugar para quem procura diversão e sim para aqueles que desejam fazer um retiro espiritual, apreciar a natureza ou para os que querem conhecer a sua intrigante história. O local é um santuário sagrado e uma área de proteção ambiental, então há regras que devem ser seguidas durante a permanência. Preste bem a atenção nelas ao fazerem a sua reserva. 

Regras do santuário: http://www.santuariodocaraca.com.br/normas-de-visitacao/

No dia 06 de Outubro de 2018, depois de muitos anos decorridos, retornei ao Caraça. Desta vez fui com o meu namorado. A nossa viagem até o parque foi tranquila. Não tivemos problemas com os temporais que vem caindo nos últimos dias. Na ida o tempo permaneceu nublado, mas nada de chuva. Graças a Deus, pois seria perigoso trafegar na estrada molhada e cheia de curvas. Todavia, nos trechos mais altos, deparamos com uma neblina que deixou o ar impregnado de gotículas d’água. A visibilidade era pouca e os riscos aumentavam com o tráfico dos pesados caminhos das mineradoras. Eles retardaram um pouco a nossa viagem, pois meu namorado ficou com medo de fazer uma ultrapassagem. Esse temor é bem compreensivo já que a pista era pequena, mal cabia um carro paralelo a outro, e em alguns trechos não havia acostamento.

Apesar desses pontos negativos a pista estava em bom estado de conservação e, até mesmo dentro do parque, havia asfaltamento satisfatório.

Depois de três horas na estrada, finalmente chegamos à portaria. Essa continha duas entrada. A primeira era um portão com grade e muro de pedra. Ao lado encontra-se o marco da estrada Real. 




A segunda tinha a imagem de Nossa Senhora das Graças. Uma santa que os antigos gerentes do colégio eram muito devotos. Exatamente na época em que a instituição de ensino estava sobre direção de padres Franceses.

Nessa encontrava os porteiros do parque. Achei ótima a recepção. Eles entregaram os mapas e panfletos. Depois nos instruiu a encontrar a recepção e indicaram onde era o estacionamento.
 


Seguimos pela estrada dentro do parque. Ainda não tínhamos chegado ao Caraça, quando avistamos o Santuário incrustado ao pé da montanha. Essa visão esplêndida duraria somente alguns segundo. Então o melhor foi parar no mirante. Meu namorado manobrou o carro e estacionou numa área sem vegetação. Ficamos algum tempo apreciamos o vista. 





Apenas um pedaço da paisagem era visível. Infelizmente as nuvens camuflavam grande parte da Serra, que servia como o plano de fundo à construção. Por isso não conseguimos apreciar a paisagem em sua plena beleza. Mas ė isso, o Caraça tem esta característica. A imagem está em constante metamorfose. Ora pode-se ver todo o desenho da serra, ora a neblina esconde grande parte fazendo com que os nossos olhos se concentre somente na beleza do santuário.



Meu namorado acabou chegando a seguinte conclusão ao deparar com esta beleza:

- Por que não conheci este lugar antes?

O caraça provoca este tipo de sensação. Sua beleza natural, misturada com a sua história intrigante, faz com que qualquer um se apaixone. É tanta admiração que tenho a coragem de afirmar que, o Santuário Caraça deveria ser uma espécie de Meca brasileira, pois todos os cidadãos deste país não deveriam passar por esta vida, sem conhecer as suas belezas.

Os antigos e novos alunos.

 
Passamos pelo estacionamento dos visitantes. Onde havia veículos de excursões estacionados. Alguns desse eram de escolas e outros de familiares. Fomos à recepção fazer o check-in e de lá, paramos o carro no estacionamento de hospedes. Enquanto tirávamos nossas malas do carro. Eu vi um grupo de estudantes tirando fotos sentados no muro do jardim. Isto me trouxe uma sensação de nostalgia, porque a primeira vez que visitei o parque foi justamente numa excursão escolar em 2005. Na época fazia o curso de turismo do Cefet.

A excursão poderia ter sido um sucesso, se o nosso ônibus não tivesse quebrado no Caminho, após uma breve passagem em Catas Alta. A partir daí tivemos que ficar horas na estrada, esperando a empresa responsável providenciar outro transporte. Alguns alunos tentaram pedir carona, porém foram proibidos pelos professores. Atitude certa, já que eles eram os responsáveis. O tempo ali poderia ter passado tedioso se não fosse vigor da juventude que quebrava a monotonia com piadas.

Apesar deste infortúnio, ir de ônibus, por uma estrada asfaltada e sentada em um confortável banco, ouvindo música pelo celular, ė um luxo comparado aos estudantes do passado. Segundo o filme Porta do céu. Antigamente, para se chegar ao colégio, os alunos tinham que atravessavam a serra, por meio de um estreita via, cercado pelo mato. O transporte usado era o lombo de cavalos, o que não é nada confortável e nem seguro. Tinham que estar sempre atentos aos riscos. E se acontecesse um imprevisto no caminho, não tinham celulares para pedir socorro ou avisar que vai chegar tarde, como aconteceu comigo e meus colegas.

Quando finalmente os alunos chegavam ao Caraça, ali permaneciam como internos até terminarem o curso. Esse era um lugar isolado e muito rígido. Segundo Zico os garotos viviam uma rotina de constantes estudos que mesclavam com a vida religiosa, já que a instituição também era um seminário. A rotina começava cedo. Às 5:00 da madrugada os alunos deveriam já estar acordado. Eles tinham que seguir um programa de estudos que duravam praticamente o dia inteiro. As atividades intercalavam com orações, aulas, refeições, estudos, recreios. Até mesmo as refeições eram sempre seguidas por atividade de leitura e nos horários de descanso, os garotos não eram poupados de serem corrigidos pelos professores. Para muitos estudantes, que hoje visitam o parque, essa seria uma rotina bem pesada.

Além de ter os horários regrados, os alunos antigos vestiam com formalidades. Logo que entravam tinham que vestir uma batina preta. Esse era o traje usado por todos e que, segundo as cartas Neto, a “batina nova” era usada em cerimônias religiosas e a “batina velha” nas atividades do dia a dia e em momentos de lazer como em corrida.

Já os novos alunos vestem- se com informalidade. O que é compreensível, visto que o ambiente do parque ė cheio de trilhas e solo irregular. No máximo usam a camisa do colégio. Roupa esportiva para longa caminhada e um bom tênis.

Enfim o Caraça pode ter perdido a sua função de colégio, mas não perdeu a sua vocação educacional. Ainda hoje contribui para a formação dos jovens estudantes; seja pelo seu rico acervo histórico tão integrado ao passado brasileiro; seja pela formação geográfica, fauna e flora rara.

As trilhas


Partindo do portão do jardim. 



Descemos a estrada de pedra. A mesma passagem que até hoje tem a curiosa pedra que o imperador Dom Pedro II escorregou. Sim uma pedra marcação P II, ano 1881, indica onde ele caiu. É um curioso atrativo deste lugar.





Cruzamos com a Casa das Sampaias. Simplesmente essa era a residência das mulheres que moravam no Caraça. 



A construção foi edificada num declive bem acentuado, por isso ela se eleva a metros do chão. Suas bases de pedra estão praticamente escoradas num barranco. 










Segundo dados disponíveis no Museu. A casa foi edificada por volta de 1830 é posteriormente reformada ganhando novos cômodos.

As Sampaias, que dá nome a casa, eram as mulheres simples responsáveis pelo serviços domésticos como cozinhar, costurar, lavar, passar...



Fotos das ultimas Sampaias
Em decorrência ao incêndio de 1968, a casa foi abandonada e as funcionárias passaram a morar no sobradinho Afonso Pena.

Acredita-se que as primeiras Sampaias vieram da família Sampaio. António Sampaio e sua esposa Joaquina Silveira dos Prazeres residiram no Caraça e ajudavam na administração. No século XIX, consta que Antônio foi o encarregado de pagar os construtores da estrada por onde passaria o Imperador Dom Pedro I, no ano de 1831.

Os filhos do casal foram batizados no Santuário do Caraça: Maria (1829), Maria do Carmo (1833), Joaquina (1836), José (1837), Gabriela (1840), Thereza (1842) e Emerenciana (1845).

Já João, que possivelmente nasceu em 1843, foi matriculado em 1857. No seu registro consta as seguintes observações: “Filho de Joaquina dos Prazeres, viúva de Antônio Sampaio e sobrinho das antigas Sampaias"

Continuando o relato da nossa caminhada. Após atravessar a casa, deparamos com uma bifurcação. Um caminho levava a estrada, o outro a trilha. Escolhemos o segundo. Andamos por uma passagem de terra por um bom tempo. Nosso objetivo era chegar a Cascatona.

Caminhamos por um bom tempo distanciando cada vez mais do santuário. Por fim encontramos um lugar onde havia uma divisão do caminho. Se optarmos em continuar reto, chegaríamos ao nosso destino. Se escolhemos subir a trilha, levaria ao Cruzeiro. Seguindo a que ia para o alto.

Caminhamos por uma trilha íngreme. Ora havia uma vegetação de ambos os lados, ora apenas a campina. Andamos e andamos sempre subindo. Parecia interminável a ladeira. Chegamos a pensar que tínhamos confundido a direção e assim errado o caminho, mas encontramos alguns troncos pintados de amarelo. Isso significava que estávamos no caminho certo.

No geral a subida foi tranquila em alguns trechos, onde apenas era um caminho de terra, porém há pedaço em que encontramos barreiras de pedra. Algumas rochas eram bem grandes. Assim tivemos que subir com cuidado. Sempre prestando atenção nas fissuras e em pedras que esteja solta.

Em fim achamos uma placa e, após caminhamos mais um pouco, encontramos um grande bloco de pedra. Um paredão construído pela força da natureza. Nas paredes desse foi erguida uma escada de metal. Eu fui a primeira a subir. Quando cheguei ao topo senti certa vertigem ao olhar o redor. 



Realmente não tinha noção de tão alto estávamos. Um verdadeiro desfiladeiro, coberto pelo verde das plantas, encontrava-se em nossa frente. A única proteção era a estrutura de madeira do mirante, cujas colunas se apoiavam de alguma maneira ao precipício. 


Com certeza essa era uma imagem que provocava aflição, mas ao mesmo tempo deslumbramento. Após acostumar com a altura pude então aproveitar a vista. Imediatamente quis tirar o maior número de foto possível, porque era impressionante a vista panorâmica na nossa frente. 



 

Já tinha visto varias imagens que foram feitas neste mirante. No entanto, ver ao vivo é ainda mais impressionante. Os prédios que formam o complexo religioso e histórico estavam diante dos nossos olhos. Dava para contemplar essas edificações que foi construída no decorrer dos séculos XVII, XVII e XIX. É possível enxergar as duas alas laterais, com a igreja no centro. As formas geométricas do jardim. Parte do restaurante e das ruínas do antigo Colégio e da Escola Apostólica ou Seminário. O calvário e mais embaixo encontra-se a casa das Sampaias 






Ė interessa saber que antes ser uma escola, o local era considerado um hospício. Contudo não no sentido que conhecemos hoje. Hospício tem origem no latim hospites e significa os hóspedes, ou seja, hospedaria. Sendo assim era um local destinado à peregrinação e assistência aos necessitados. 





A descida até que foi rápida. Tínhamos desistido de ir até a Cascatona para explorar lugares mais próximos.

Quando retornamos à bifurcação próxima a Casa das Sampaias, pegamos a outra via. A que ia para a estrada asfaltada. Essa era o caminho de chegada ao Caraça.

Fomos em direção a Casa da Ponte. A casa é uma das residências usada como hospedagem pela pousada do Santuário. 



Prosseguimos com a nossa caminhada até que encontramos uma estrada transversal. Nela havia uma porteira que impedia veículos de atravessa-la. No entanto essa estava liberada, para os pedestres, pelas laterais. Já que essa estava fechada. Andamos desta vez até o tanque grande. O caminho deste era mais uma antiga estrada do que propriamente uma trilha. 




Passamos por um ponto onde a terra estava úmida e para a nossa surpresa encontramos pegadas. Eu achava que essas eram de um cachorro. No entanto eram claramente de um animal grande e com garras. Aí pensamos, a priori que se tratava de uma onça, mas poderia também ser do famoso lobo Guará. Ficamos discutindo está duas possibilidades, enquanto seguimos caminho.



Achamos um aviso interessante. Esse apontava que estávamos atravessando o território dos macacos Guigó ou Sauá. A placa aconselhava a ficamos em silêncio, pois o barulho poderia espanta-los e perderíamos a oportunidade de vê-los. Caminhamos prestando a atenção nos galhos das árvores em nossa volta. No entanto não encontramos nenhum macaco. Depois, já no santuário, descobrimos que esses animais desapareceram sem explicação. Biólogos entraram na mata para descobrir se encontravam algum corpo, assim poderiam ver se era por alguma doença, mas nada encontraram. O mistério continua. Para onde foram estes bichos? Por que eles abandonaram o parque?

Chegamos num local onde o caminho se dividiu em dois. Seguimos pela direita em direção ao Tanque Grande.

Enfim chegamos ao ponto que queríamos




O Tanque Grande é na verdade uma barragem, que entrou em funcionamento em 20 de Novembro de 1893. Na sua inauguração estava presente o governador de Minas Gerais e o ex aluno Afonso Augusto Pena, o futuro presidente da República. Foi o padre Luiz Gonzaga Boavista quem mandou construiu está estrutura. A finalidade de tal mecanismo era mover os dínamos e assim gerar energia para o Engenho da Serra. 










Em 1960 a Cemig assumir a função de gerar energia e a usina foi então desativada.

No local ainda podemos avista a capelinha no alto da serra. Ela reina magnífica em sua simplicidade no meio da montanha. Sem duvida é o templo religioso visível em praticamente boa parte da redondeza do parque. 




 

Queríamos seguir o nosso passeio pela trilha, mas não conseguimos identificar muito bem onde continuava o caminho. Ficamos com medo de perdemos, Então optamos por retornar. Na volta vimos à torre da igreja neogótica e ao longe a capelinha. 



Voltamos até a bifurcação e fomos para o outro lado direito. Novamente a trilha se dividiu e tomamos o caminho em direção à ponte do Bode. 


Passamos por está ponte. O nome dessas é envolta em mistério. Já que a lenda conta que, ali foi o local onde um estudante foi raptado pelo demônio disfarçado de bode. Depois de atravessamos, pegamos a trilha que voltava à estrada e andamos de volta ao santuário.
 





No centro de informação, há uma divisória de vidro com vários decalques de patas pregados. Nela descobrimos que a pegada encontrada no caminho do tanque grande era realmente do lobo Guará .