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domingo, 22 de maio de 2005

SANTUÁRIO DO CARAÇA

Apresentação dos dados

Colégio do Caraça no século XIX,pintura do refeitório.

RELATÓRIO DA VISITA TÉCNICA AO CARAÇA 

No dia vinte e dois de maio de dois mil e cinco, os alunos do curso técnico de turismo saíram do Centro Federal de Educação Tecnológica-Cefet em direção a Serra do Caraça. Antes de chegar ao santuário, eles depararam com as belíssimas montanhas que compõem o acervo do Parque Natural do Caraça. Este trecho pertence a Serra do Espinhaço e está localizada entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara. É considerada uma área de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. 






História do Caraça 

Foi os bandeirantes que batizaram o local com o nome Caraça, pois ao passarem pelo local identificaram uma formação rochosa que tem o traçado de um rosto gigante visto de perfil.
 
A origem do Complexo histórico do Caraça surgiu com o padre Lourenço. A lenda em torno de sua figura relata que ele teria chegado a serra para refugiar-se da perseguição do Marques de Pombal. Esta autoridade portuguesa teria condenado sua família a morte acusando-os de atentar contra a vida do rei D. José I de Portugal.

Com a morte do irmão Lourenço, o Caraça ficou de herança para o reino, até que D. João VI doou o Santuário ao Lazarista, para que fosse criado um colégio interno. A face mais prospera do Caraça foi a sua fase francesa. Nesta época o colégio se tornou um dos principais centros de educação do país. 

O internato começou com quadro alunos, chegou a ter quatrocentos. Dentre as personalidades ilustres que estudaram esta os presidentes da república  Afonso Pena e Artur Bernardes. 

O Caraça possui ainda inúmeros atrativos que não podemos visitar, por questão de tempo. No espaço encontra a Cachoeira Cascatinha e Cascatona, Pico de Verruguinha, Pico do Inficionado, Gruta do Bocaina, Pico do Sol, Gruta de Lourdes, Pico de Carapuça, Gruta de Pe. Caio, Tabões, Banho Belchior, Tanque Grande, Pinheiro e Cruzeiro. 
Visita técnica. 
 
Ao chegar no complexo do antigo colégio tiveram como atividade caminhar pela trilha da capelinha. Uma dentre tantas que há no parque.

Imagem de satélite do google maps
Através desta imagem de satélite pode-se ver a distância percorrida do Santuário à capela construída no alto da montanha.  

Descampado da trilha.

A capelinha se encontra em uma região de difícil acesso. A 200 m de altura e 2 Km de distancia do Santuário. 

A caminhada teve inicio no estacionamento, próximo ao lago. De lá penetraram a mata por uma trilha estreita. Passaram por uma área aberta, onde os alunos puderam avistar a capelinha enquadrada pelas árvores e pela montanhas.







Portal na trilha
Entraram novamente a num novo caminho cercado pela mata nativa. Na beira da trilha depararam com um portal. Que não tiveram acesso. Já que não foi necessário cruza-lo para se chegar a capelinha. 
Seguiram para o alto caminhando por uma passagem rochosa de difícil escalagem. Para não cair, tiveram que apoiar no cabo de aço que foi estendido pela passagem. Lá tiveram a visão privilegiada do centro histórico cercado pelo verde. 


Finalmente chegaram na capela. A construção é simples e modesta. Não possui torres e nem ornamento. 


A Capela do coração de Jesus
Segundo o professor do cefet, o esforço físico de chegar o local, valeria como penitencia a Deus. Os construtores da capelinha levaram as ferramentas e matérias no lombo de burro. É tiveram muito estorvos na construção, tanto que o cenáculo não chegou a ser concluído. Suas pedras ainda permanecem intacta ao lado da capela.
Ruínas ao lado da capela 

Depois do almoço, que tem o cardápio comida típica mineira feita no fogão a lenha, conhecemos o museu. O prédio foi reconstruido em cima das ruínas da construção que pegou fogo em 28 de Maio 1968. Pode-se observar o estilo construtivo da época, já que as paredes foram deixadas a mostra, revelando as pesadas pedras. Algumas partes ainda exibe marcas do incêndio, pois há rochas que estão ainda tingidas pelo cinza da fumaça.


Museu do Caraça 
No andar de baixo encontra-se o museu que contém as cama onde repousou Dom Pedro II 


A cama usada pelo Imperador 
D. Pedro I visitou o local. Ambos os imperadores demonstraram admiração pelo santuário. D Pedro II deixou registrado esse momento em seu diário, onde elogiou a biblioteca, os alunos e a beleza naturais e arquitetônica. Teria dito: "Só o Caraça paga toda a viagem a Minas".

Contem também o altar da antiga igreja, porcelana dentre outros objetos antigos. já no andar de cima funciona a biblioteca, onde foram armazenados a metade dos livros que sobreviveram ao incêndio. 


Balanças antigas e os pesos

Maquinas de costuras usadas pelos padres para fazer batinas. 

Antigamente o prédio funcionava como biblioteca, encadernação, farmácia, enfermaria e a ala dos internos. Segundo o guia que nos apresentou o local, o fogo começou porque um dos alunos, que cumpria o seu serviço na encadernação, esqueceu o fogareiro elétrico aceso. Este objeto tinha como finalidade manter a cola em banho maria. No museu encontra-se um exemplar exposto. 

Exemplar de fogareiro

Igreja N.S Mãe dos homens


No mosteiro os estudantes visitaram a bela igreja gótica N.S Mãe dos Homens. O templo foi erguido onde existia a primitiva ermita do Irmão Lourenço, Esse novo monumento foi idealizada pelas mão de Pé. Júlio Clavelin. 



No inicio do seu Superiorato. Foi ele o responsável por ampliar a ala direita do edifício colonial, expandindo de 6 para 11 o número das janelas. A data da construção ficou registrada sobre a porta lateral. 



Também, pensando no crescimento de alunos, esteve a frente na edificação na ala esquerda um edifício que liga aos fundos da igreja. 

Contudo a sua obra mais ambiciosa foi a construção do templo neogótico NS Mãe dos homens, iniciada em 3 de Setembro de 1876, onde foi posta a pedra fundamental, por um ex aluno, Dom Luiz Antônio dos Santos, bispo de Fortaleza. 

O trabalho de construção foi penoso para o Padre Clavelin. Ele, que foi engenheiro e arquiteto, por isso recaiu a obrigação solucionar sozinho os mais difíceis complicação da mecânica. Depois resolve-los, realizou a obra com perfeita retidão. Vencendo a ausência de operários capacitados, a falta de ferramentas específica e a dificuldade de transporte. Por fim, após passado sete anos pode ver seu empreendimento realizado, sem ocorrência de nenhum acidente devido às limitações, como o uso de instrumentos primitivo para erguer grandes pedras à uma altura de mais de 40 metros. 

Todavia sua frustração no dia da consagração da igreja foi não ter o comparecimento do seminário maior. Esse tinha voltado para Mariana. O evento ocorreu no dia 27 de Maio de 1883, com o comparecimento dos bispos Dom Pedro Maria de Lacerda, Dom Antônio Correia de Sá e Benevides e Dom Luiz Antônio dos Santos. 

Sobre a Igreja Dom Francisco Silva escreveu:

“Hino de granito aí está na encosta da Serra, cantando estrofes de pedra, torre esguia e alta que, como a invocação de um poema sacro, sobe para o céu, em busca da inspiração; nas finas e delicadas colunas, como cantos diversos do mesmo poema, desdobra-se em episódios, ora singelos e frescos como as manhas, ora trágicos e dolorosos, ponteados de pungentes saudades... e, como último cântico, o altar de mármore, em cujo trono, alvo como a cecém, aparece a Senhora Mae dos Homens, na sua majestade meiga de Mãe, a convidar seus filhos da terra para junto de Jesus, seu filho do céu. Os mestres podem achar defeitos, no conjunto arquitetônico, mas o coração, o coracão dos fiéis acha um deslumbramento que o transporta além das misérias da terra, para essa região da piedade e da crença, toda banhada de claridades místicas."





Análise


A diversidade encontrada no local proporciona o desenvolvimento de vários tipos de turismo. Por exemplo, o turismo cultural, pedagógico e histórico. O acervo arquitetônico presente possui relevância histórica para Minas Gerais e por isso a área construída do santuário foi tombada em 1955 pelo IPHAN. Possui instituições educacionais que é o museu e a biblioteca. Na biblioteca há obras raras e famosas, como Historia Naturale, de Plínio – O Velho, datado de 1489. Esta obra foi editada por ocasião da imprensa de Gutenberg entre os anos de 1450 a 1500. É considerada a primeira enciclopédia.


O turismo religioso é uma das fontes para quem procura retiro espiritual. O ambiente calmo e os templos proporcionam a meditação e o enriquecimento do espirito. Um dos lugares procurado para reflexão e o calvário, onde encontra-se as estatuas que representam a crucificação.

Calvário, um dos atrativos religioso.

Estatuas que representam o sacrifício de Cristo

O relevo, cercado de montanhas, é indicado para quem gosta de esporte, principalmente de longas caminhadas pelo ambiente natural. Pode-se ainda praticar nado em cachoeiras e rios. É recomendável que estas atividades sejam acompanhadas por guias treinados. Já que o risco de acidentes é alto. 

No ecoturismo poderá ser desenvolvido conjuntamento com a conscientização da preservação da natureza. O principal publico para este fim é o estudantil. O professor poderá usar o rico patrimônio e levar os alunos a reflexão sobre a importância do meio ambiente. 


Outro tipo de turismo é o de observação dos hábitos do animais e do estudo de plantas, praticado geralmente por acadêmicos da área biológica. O parque possui uma rica fauna com representantes da espécie macaco guigó, pacas, sagui, sauás, tamanduá mirim, quatis, esquilos, antas, gato do mato e o famoso Lobo Guará e um rica flora com mais de duzentos orquídeas identificadas e raras bromélia, candeias, macaúba, angico, ipê-amarelo. Este tipo de atividade está inserida no chamado turismo cientifico. 

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