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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

OURO PRETO



Certamente Ouro Preto é a cidade histórica mais famosa do Brasil. Foi o primeiro bem material do nosso país a obter o titulo de Patrimônio Mundial da Humanidade. Por isso esperava que fosse um exemplo na área do turismo. Entretanto decepcionei quando fui visitar o município no inicio deste ano. Os museus estavam fechados e a maioria das igrejas também. Isso em pleno feriado. Como pode uma cidade tão importante não oferecer nenhum atrativo aos visitantes? Ainda mais numa época em que está lotada de turista? Nosso passeio só não foi um desperdício porque conseguimos visitar o Morro da Forca e a Mina de Chico Rei.

O morro da forca 


 



Está localizado no centro histórico do município, perto do Museu da Farmácia. Esse espaço foi utilizado no século XVII até o XIX, para executar os condenados pela justiça. 





Basicamente o atrativo é composto por um portão de ferro, muro de pedra, uma escadaria com mais de 100 degraus e o resto de uma forca. Mais o maior destaque é sem duvida a paisagem. A vista panorâmica e, sem duvida, maravilhosa. Ali é possível visualizar alguns dos principais bairros do Centro como o Pilar, Rosário e Antonio Dias.

 
Na atualidade o local é também utilizado como heliporto e para a realização de festas.

Mina do Chico Rei 
 Primeiramente preciso avisar que o local é de difícil acesso. As ruas do entorno são estreitas, cheias de curvas. No dia em que visitamos havia muito movimento de veiculo. Resultado, não conseguimos encontrar estacionamento e nem manobrar direito. Tivemos que retornar e parar em outro lugar. Seguimos a pé até o local. Aconselho a fazer o mesmo e não arriscar encontrar estacionamento por perto. 



Fora este problema, eu recomendo a visita, principalmente porque é um testemunho de como viviam os negros na época da extração de ouro. 
 




Embaixo está a senzala que foi transformada em restaurante e recepção. No local há uma exposição de objetos usados para prender os escravos, bigorna, lampião, maquina de costura etc.  







O terreiro, onde encontra a mina, hoje é um espaço bem agradável e decorado. Completamente diferente do ambiente precário dos tempos colonial.



Num dos cômodo encontra-se um fogão antigo.



 
Segundo a tradição oral, a mina pertenceu a Chico Rei. Sua historia é bem popular, pois relata o destino de um rei, que foi escravizado, levado para Minas Gerais. Aqui ele comprou a sua liberdade e se tornou rico com a mineração de ouro.   

A mina possui a área total de 8 km² com 175 galerias abertas. Foram escavadas em três níveis de profundidade, mas apenas 325 metros contém iluminação. 



O ouro era encontrado entre os veios de quartzo. O quartzo formava listras brancas na parede. 


O material retirado era depositado e colocado em buracos chamados de buchos. Essas aberturas tinham a função de estimular os escravos extrair a maior quantidade de ouro possível. Funcionava da seguinte maneira. Cada escravo tinha o seu e depositava o material colhido nele. No final do dia, os alimentos eram distribuídos de acordo com a quantidade de material extraído da mina. Se tivesse pela metade, ganhava meia tigela. Daí surgiu essa expressão. Se enchesse totalmente, conseguia uma refeição completa. Assim surgiu o termo bucho cheio. A refeição era uma espécie de angu feita à base de água, fubá e sal.

Em cima há os nichos, onde se colocavam a madeirinha de lei revestida de óleo de baleia. Essa era incendiada e serviam para a iluminação. Obviamente que a fumaça, mais o resíduos da mineração, poluíam o lugar dificultando a respiração. Por isso muitos dos negros morriam de doença pulmonar entre ao 20 a 25 anos.

As condições de trabalho eram realmente péssimas. Na medida em que iam abrindo novas galerias, os escravos corriam o risco de morrer pela falta de oxigênio. Para não perder homens eram usados pássaros preso em gaiolas. Quando esses morriam indicava que o oxigênio diminuiu e deveriam sair do local.

As somas do barulho das ferramentas trabalhando continuamente provocava surdez. Além no mais, havia risco de desabamento ou das batidas lançarem fragmentos causavam cortes e cegueiras. Para tratar dos machucados usavam sal, água, limão, vinagre ou cachaça.













 

A mina olhada de entro para fora já dá uma noção do quando o ambiente era claustrofóbico. Logo na entrada é possível percebe o quando as paredes eram estreitas, mas há locais onde se torna ainda mais apertado. Por isso os escravos que trabalhavam dentro da mina não deveriam exceder a altura de 1,60 cm. Quem passava desta medida era redirecionado para outros serviços, como capitão do mato, capataz ou usado no trabalho domestico como carregar liteiras das sinhas. Os escravos que conviviam com as mulheres eram castrados. Os meninos se tivesse tendência a serem altos, eram castrados. Deste modo não cresciam.




 Nas paredes também eram extraídos as cores usadas na tintura, pintura e maquiagem da época. Os pigmentos encontrados nas rochas eram variados. Nelas poderiam ser encontrados tons de base, marrom, amarelos, roxo, azul e cinza.
 

O fluxo de água, encontrado ao lado, servia como sistema de lavagem. Colocava-se canaletas com couro de boi, a pressão da água vai retirar a sujeita deixando o ouro. Entretanto os resíduos menores permaneciam. Para retirar as partículas menos, coloca-se o couro do boi para secar, depois os pendura e dava pancadas de um lado a outro. Essa ação originou a expressão dar no couro. 



Após esta visita fomos atrás do carimbo para registra o nosso passeio.