Translate

Arquivo do blog

Total de visualizações de página

sábado, 3 de novembro de 2018

GLAURA – Diário de Viagem

Caça ao carimbo.



Meu primeiro carimbo recebi no mesmo lugar que tirei o passaporte. Foi em um distrito de Ouro Preto, cujo nome é bem significativo. Digo isso porque Glaura é o nome da obra lírica escrita por Manuel Inácio da Silva Alvarenga. Foi em 1943 que o povoado ganhou este titulo. A iniciativa teve a intenção de homenagem não só o autor, como também o seu trabalho.

A obra Glaura é do estilo arcadismo e centra no amor, na musicalidade, na revelação de desejo intimo, na aclamação da mulher amada e na expectativa de tê-la. O livro de
Alvarenga possui certo aspecto erótico ao relatar a história dos personagens, mas a forma como trata o tema sexual, não é de maneira alguma vulgar e sim lírico. É por tudo isso que foi merecida essa homenagem. 


Para chegar até o local fomos até Cachoeira do Campo. Seguimos pelo trecho da estrada real rumo a Glaura. Alguns pontos da estrada apresentavam uma bela vista da região dos inconfidentes. 


Logo na entrada do distrito, ao longe, avistamos ruínas de pedra. Essa continha somente paredes com janela e porta. A vegetação em volta, começava a cobri a estrutura, que um dia deve ter sido de uma residência, mas eu não encontrei nada na internet falando sobre a construção. 



A estrada levou-nos até a Matriz. Seguimos pela Rua Santo Antonio, procurando um lugar para estacionar. Paramos em frente do Bar Branco. A rua, onde deixamos o carro, possuía varias residência em estilo colonial e calçamento formado por pedra fina e pequena. 







 


No Bar Casa Branca tiramos os passaportes e recebemos o carimbo pela passagem em Glaura.




Conhecemos a Matriz de Santo Antonio. Não chegamos à entrar dentro do templo. 



A construção deu-se a mando da irmandade do santíssimo sacramento. Os trabalhos iniciaram em 1758 e terminou em 1754. Na porta foram esculpidas duas imagens. Uma é de Santo Antonio, a outra Nossa Senhora. Em cima há outra imagem de santo Antonio. 



Infelizmente a condição da igreja não é boa, pois está escorada por madeiras e há rachaduras em sua estrutura. O Jornal Estado de Minas publicou em 24/10/2017 que Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberou R$ 1 milhão para obras emergenciais na igreja. No entanto, ao meu ver, parece que as obras ainda não começaram.
 

O descaso com o patrimônio religioso e histórico é sem duvida uma triste realidade no Brasil. Muitos templos são deixado ao abandono ou sofrem na mão de vândalos. O dinheiro que poderia salvar tais monumentos acaba indo para atividades culturais frívolas, que não acrescentam em nada na educação brasileira.

A matriz de Santo Antonio contem uma agradável praça do lado direito. Essa é rodeadas por casas em estilos coloniais. 

 

Caminhamos pelas ruas do distrito, pude perceber que algumas residências pertenciam a sitiantes. Algumas casas pareciam serem de séculos passados, outras eram novas, mas construída seguindo o estilo antigo. Havia também casas cujo o dono manteve a fachada, no entanto modificou todo o resto.








 

Acho interessante esta tendência de lugares, com vocação turística, quererem manter a identidade arquitetônica do local. Principalmente num distrito que é considerado um dos mais antigos de Ouro Preto. Nos primórdios o lugar era conhecido como freguesia Santo Antônio da Casa Branca do Ouro Preto e surgiu no século XVIII com o ápice da exploração do ouro. Os registros apontam como os primeiros ocupantes do lugar a família Baltazar de Godoy e os Figueiredo Neves

No decorrer do século XVIII e XIX, o arraial desenvolveu devido a passagem de viajante e de tropa de tropeiro. Esses trafegavam entre Vila Rica e a comarca Rio das Velhas (hoje Sabará). Também era ponto de descanso para tropeiros que faziam o abastecimento e o comércio entre Sabará e a Região do Tripuí, Vila Rica e Mariana

Neste passeio passamos por duas capelas. Elas eram templos bem pequenos, mas belos em sua simplicidade. 




O primeiro foi a capela de Nossa Senhora da Conceição. Sua fachada foi desenhada de tal forma que parece com à de uma igreja. Possui no topo um pequeno sino, com uma cruz a cima desde e duas elevações que lembram torres.



O segundo é a capela Nossa Senhora das Mercês. O pequeno templo parece um oratório. Encontra-se num lugar bem interessante, pois possui vista panorâmica para os morros que cerca o local. Essa se encontra isolada de qualquer construção, sua fachada tem o formato triangular em cima e um pequeno óculo em forma de losango. 



Do outro lado há uma cruz cheia de símbolos cristãos.


Após apreciamos os templos religiosos, fomos conhecer a casa da Dona Boneca. A residência pertencia há uma das doceiras do distrito. Tocamos a campainha e ela nos convidou para entrar. Na área que dava para a cozinha havia uma exposição de objetos velhos. Era muita coisa exposto em prateleira ou pendurado no teto. 










Na cozinha ela nos apresentou seus produtos e serviu algumas amostrar. Os doces foram feito com frutas da estação, como cidra, mamão com abacaxi, goiabada cascão, laranja e banana, jabuticaba, ameixa amarela ou cagaita. Todos os doces eram realmente saborosos. Meu namorado comprou vários potes. 




As guloseimas foram fabricados de maneira tradicional, nas panelas de tacho, mexidos com grandes colheres de pau e aquecido por um fogão a lenha.

Sobre o passaporte Estrada Real ver em:
https://espacodeturismo.blogspot.com/2018/11/passaporte-da-estrada-real-minha.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário