Nas horas que antecede ao natal, eu e meu namorado, decidimos fazer um passeio cultural em Mariana. Foi uma visita de apenas um dia, mas tivemos a oportunidade de conhecer muito sobre uma das cidades mais relevante das artes e da história do Brasil.
Primeiramente é interessante reparar no contraste entre a arquitetura moderna e antiga, pois logo que chegamos, passamos por casas da atualidade. Algumas, por sinal, em péssimo acabamento.
A arquitetura dos nossos tempos é bem mais simples comparada com as de séculos passados. Antigamente havia um zelo pelo detalhe. As fachadas das igrejas eram decoradas artisticamente e as casas privadas recebiam tratamento em alvenaria e carpintaria. Parece que o homem da atualidade estima mais pela funcionalidade do que o apreço pelo belo.
É foi o zelo pela beleza que verificamos ao terminar de subir uma ladeira. Deparamos com a Basílica de São Pedro dos Cléricos. Primeiramente o que observamos foi a lateral de igreja. Uma arquitetura digna de um palácio real.
Ela possui curvas em sua arquitetura, pois foi construída sobre influência italiana. Esse detalhe arredondado a distinguir das outras, transformando em um monumento único, porque foram poucos templos construídos desta forma.
Podemos perceber toda suntuosidade dos detalhes aplicados no exterior, mas o mesmo não se vê em seu interior, que é mais simples. Ela não recebeu aplicação em ouro e não possui o colorido chamativo característico de outros templos barroco. Contudo os entalhes e esculturas feitos em cedro vermelhos são de uma beleza que merece ser apreciado.
Sua construção começou em 1753, mas não chegou a ser terminada. As torres da igreja, que não foram erguidas no século XVIII, só foram construídas em 1920.
A igreja não é o único destaque, a visão panorâmica que temos da cidade é magnífica. Principalmente do centro histórico com suas igrejas e casarões coloniais ainda intactos.
As montanhas em volta, combina com esta paisagem bucólica e trazem sempre aquelas imagens do que identificamos ser característico de Minas Gerais.
Após está visita seguimos pela rua Dom Silvério.
No caminho paramos em frente ao Chafariz de São Pedro de 1749. Este monumento é atribuído a Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho e foi construída para fornecer água potável a população. Do lado esquerdo a esse havia uma construção quadrada, pintada de branco e aparentemente sem janelas. A primeira impressão que tive é de que se trata de uma cadeia, mas não achei nada a respeito. Se alguém souber o que é, deixe nos comentários.
Preciso disser que a ladeira Dom Silvério possui várias construções em bom estado de conservação. Infelizmente, na pressa, não deu para fotografar tudo e nem fazer uma visitar, pois estavam fechados.
Finalmente chegamos à Praça Minas Gerais. A local possui calçamento pé de moleque, também chamado calçada portuguesa. Esses são os antigos calçamentos construídos sobre terra batida com pedras irregulares ou de seixos rolados.
A planta da praça foi estabelecida em concordância com o projeto urbanístico de Alpoim, encarregado por dar um novo visual a Vila do Carmo. Seu trabalho iniciou em 1740 e nele estabeleceu o alinhamento das vias longitudinais. Também previa a elaboração de novas ruas e edificações, tendo como referência a Matriz da Sé.
Nesse espaço há a concentração de monumentos que representam as instituições de poder, que controlavam a vida cotidiana no período colonial. As edificações do entorno simbolizam poder religioso da igreja católica e o poder civil do rei.
No ano de 1760 começaram as obras das três principais que formam o conjunto arquitetônico da praça: a Casa de Câmara e Cadeia, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e a Igreja do Carmo.
Entre esses o único edifício em que tivemos acesso foi à Igreja Nossa Senhora do Carmo.
Sua construção foi iniciada em 1784 e só foi finalizada em 1835. Ela foi edificada pelos irmãos da Ordem Terceira do Carmo. O que mais chama a atenção nesse são as torres cilíndricas, retrocedida um pouco da fachada. A entrada contém florões pórtico. Esses detalhes dão um ar majestoso para o seu estilo único.
Interiormente possui altares em estilo Rococó. O teto da capela-mor tem o forro abobado de aresta, com uma roseta central. O altar-mor e o retábulo foram talhados em estilo rococó. Estes foram idealizados por Félix Antônio Lisboa, meio irmão do famoso Aleijadinho. Já o acréscimo dos detalhes em folhas em ouro, foi incorporado à arquitetura por Francisco Xavier Carneiro.
Em 1999, após o restauro, ocorreu um incêndio que destruiu parte do riquíssimo acervo da igreja. Os altares laterais e o forro da nave foram consumidos. A pintura do teto de Francisco Xavier Carneiro foi perdida.
Dentro do templo há um quadro e retrato exposto que mostra o tal magnífico era a obra. Para substituir parte do que foi perdido. Foram feitos altares de madeira. Achei que os novos são bem harmônicos com o estilo. No entanto falta o acabamento de pintura e douramento que existia antes. O teto foi reefeito, mas sem a pintura.
No conjunto arquitetônico que compõe a praça, encontra-se também a igreja de de São Francisco de Assis. Infelizmente não foi possível visitar o seu interior, pois ela se encontra fechada e a espera de restauração. No entanto se sabe que na parte interna há um magnífico altar-mor ladeado por capelas exuberantemente talhadas e no forro encontra-se uma pintura do Mestre Athayde.
O projeto é atribuído à José Pereira dos Santos, enquanto que a fachada, de estilo mais sombrio que a do Carmo, foi criada por José Pereira Arouca. O maior destaque do frontispício é a portada de cantaria. Enquanto que o seu adro é um componente de evidência no contexto da praça.
Fora os dois tempos religiosos, outro destaque da praça e a Casa da Câmara e cadeia ou Paço Municipal. Primeiramente no local havia o quartel dos Dragões (essa era a guarda que servia aos governadores da capitania). Contudo no iniciou-se em 1768, iniciou a construção do prédio atual, que só terminou em 1798. Esse Também foi elaborado pelo projetista José Pereira Arouca e possui aspectos semelhantes à de muitas quintas existentes em Portugal.
O edifício caracteriza-se por ter uma planta retangular. Possui dois andares, com escadarias externas. A escada contém parapeitos maciços, com faixas e corrimão em pedra-sabão. Alias a pedra foi um material bastante utilizado nesta construção, por começar nas cimalhas até os portais e vargas em pedra verde claro, com talhas e finalizações artísticas. No pórtico encontra-se um pomposo florão, com as armas reais.
No centro está o Pelourinho edificado em 1970 (o pelourinho original foi feito por José Moreira Matos em 1750 e derrubado em 1870), É considerado ícone de poder do Estado e lugar de punições públicas para criminosos ou escravos. Além do mais era o ponto onde eram lidos os editais públicos e proclamados as notícias de Portugal.
O monumento erguido hoje na praça contém em sua estrutura o brasão da Coroa Portuguesa, uma balança para significa a justiça, um globo que simboliza as conquistas marítimas, uma espada que representa a condenação e uma pequena cruz símbolo da Religião Católica que determinava e explicava os poderes do Rei.
Andando
pelas ruas de Mariana, alguns detalhes da arquitetura chamam a atenção. Um dos
mais curiosos são oratórios colocados nas fachadas das casas. Segundo o guia, isso era pelo fato de
algumas pessoas deixarem oferenda nas encruzilhadas. As conhecidas popularmente
de Macumba. Possivelmente eram para homenagear Exu, que é o orixá dos caminhos,
muito relacionado ao diabo pelos cristãos. Os católicos então ficavam com medo
é colocavam santos na fachada para proteger as casas.
A sacada do casarão do
Barão de Pontal é outro ponto que chama atenção, seja pela beleza, seja pelo
seu estilo único no Brasil. A estrutura foi esculpida em pedra sabão. Os mínimos detalhes do trabalho parecem uma renda feita em pedra.
O Barão de Pontal, Manoel
Inácio de Melo e Souza, foi deputado e presidente da província de Minas Gerais 1831
a 1833.
Depois de tanto
caminhar pela cidade paramos para descansar na Praça Gomes Freire. É um pedaço
de Marina que é bem charmoso, com jardim central cercada por belos casarões históricos.
Nela há sempre aqueles elementos que identificamos frequentemente em praças de
Minas, além é claro, de bancos e canteiros. Há chafarizes, ponte, coreto, e um
bebedouro antigo.
Como estávamos em
pleno natal, colocaram enfeites natalinos em alguns lugares.
Anteriormente chamava-se Largo da Cavalhada e Largo do Rocio por causa do bebedouro para cavalos construído em 1747. Até meados do Século XX era chamada Praça da Independência. O nome atual foi em homenagem ao médico e político Gomes Henrique Freire de Andrade, que nasceu em Mariana em 1865.
Foi em um dos casarões, ao redor da praça, que
escolhemos almoçar. Além de estamos num ambiente tradicionalmente mineiro, apreciamos
uma boa comida caseira servida em fogão à lenha, a visão das janelas é realmente privilegiada.
Veja também a história de Mariana no link:
http://espacodeturismo.blogspot.com/2017/12/historia-da-cidade-de-mariana-minas.html
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