INTRODUÇÃO
Esta
pesquisa foi realizada pelas alunas do 5º período de turismo do Centro
Universitário Newton Paiva,
na tentativa de levantar uma discussão sobre a arte primitiva e o
artesanato de forma geral, buscando compreender como são trabalhados no
turismo e qual a perspectiva que o turista tem deste assunto. Serão
abordados conceitos de arte naif, arte popular e primitiva, artesanato,
arte popular versus artesanato e turismo cultural.
Tratará
das formas como a arte primitiva é abordada no turismo, visando atingir
a sensibilidade do turista como um crítico potencial e um possível
consumidor da arte e do artesanato, passando de observador a
colecionador e participante da cultura primitiva e do artesanato, dando a
sua contribuição na divulgação de mesma. Através
do estudo de caso de Vitoriano Veloso, o artesanato será estudado com o
pressuposto de aumento de renda para a comunidade, bem como a melhoria
da qualidade de vida.
Será
analisada a importância do artesanato dentro das culturas tribais bem
como as suas manifestações artísticas culturais, fazendo com que o leigo
vivencie a realidade de povos considerados primitivos com suas crenças e
rituais. O case os guardiões da África trará a questão do passado, mostrando as possibilidades do futuro, onde moradores
da tribo e turistas dividem o mesmo espaço, trocando conhecimentos, e celebrando a cultura primitiva.
Finalizando
será feita uma análise da arte popular versus o artesanato e suas
implicações com o turismo, aproveitando o case do distrito de Vitoriano
Veloso para fazer as aplicações culturais. Observará
como o artesanato é absorvido pelos turistas e qual a sua relação com a
comunidade receptora de turistas culturais, em relação aos benefícios e
prejuízos que a atividade turística, pode trazer ao
distrito.
ARTE PRIMITIVA
O pintor Augusto Rodrigues realizou a primeira exposição de Arte
Popular, no estado do Rio de Janeiro. Isto fez com que olhasse a
escultura com um olhar de admiração, pois ainda não fazia esta arte.
Trouxe a primeira exposição. Dentre os escultores destaca-se Vitalino em
1947, que definiu o nome de Arte Popular, ao tipo de produção de
escultura. O conceito de Arte Popular esta ligado ao conceito de Arte Primitiva, que vem do final do século XIX e início do XX. Passou pela arte negra em Paris de 1905, influenciando o pintor Picasso.
O nome Arte Popular / Arte Primitiva, também é usado para Músicas, danças e festas populares. Era
pensada em 1950 como uma arte anônima ou de grupos. Aproximou-se das
artes consideradas cultas pela sua autoria singular, ou seja, as obras
dos autores têm marcas de estilo, são marcas de um andamento individual.
Case Tribo Africana- Os Guardiões da Africa
“Alguns turistas viajam com o propósito de experimentar uma
cultura diferente, no sentido mais amplo possível, em um destino visitado artes, artesanato, trabalho, religião, idioma, tradições, comida vestuário”.(HUGHES, 2004, P.55)
Desde que a arte primitiva virou moda nas galerias de Paris, Londres e Nova York houve uma busca por objetos da África. No
Quênia e na Tanzânia, as lapides dos túmulos Suahilis formam roubadas,
na Somália, o acervo do Museu Nacional da Somália foi saqueado e as
peças vendidas para turistas no Quênia. Em Mali, vários objetos estão
sendo levados e vendidos por muito dinheiro, como: as máscaras
mortuárias encontradas nas cavernas em Bandiagara,
pertencentes aos Dogons.
Os dogons considerados como Os guardiões da África,
são um povo cujas tradições não foram transformadas pelo cristianismo,
islamismo e outras correntes. Eles conseguiram manter seus costumes
quase intactos devido a sua localização, no alto da escarpa de
Bandiagara, local de difícil acesso. Chegaram à região fugindo de caçadores de escravos, cristãos e mulçumanos e permaneceram no local servido como esconderijo.
Na
aldeia construíram casas em forma de um corpo humano. Celeiros
divididos entre femininos, que guardam algodão, peixes secos, amendoim e
equipamentos de cozinhas e os masculinos para
estocar cereais. Os turistas que visitam as aldeias têm que seguir
algumas regras, pois há ruas que não permitem a passagem de mulheres
grávidas e crianças, enquanto que outras só podem ser utilizadas em dias
específicos.
A
descoberta da arte primitiva dos
dogons criou a curiosidade de visitantes que vêem conhecer este povo.
Isto fez com que muitos rituais fossem apresentados de forma não
espontânea, apenas para agradar alguns turistas em troca de dinheiro.
Por
causa do alto valor dado as máscaras antigas dos dogons, muitas estão
sendo falsificadas no mercado europeu, de modo a ter uma aparência
antiga, para posteriormente serem vendidas a turistas. Enquanto outras
máscaras de valor histórico foram roubadas da encosta de Bandiagara ou
foram compradas a baixo custo para serem revendida nos leiloes da
Europa. Algumas pessoas da tribo não estão
conscientes da importância da preservação das máscaras antigas como
patrimônio e símbolo da identidade cultural da tribo, acabam se
desfazendo delas em troca de
dinheiro oferecido pelos turistas, isso de deve a dura vida local.
Os turistas têm causado tantos impactos negativos, no caso das máscaras, como positivos ao fazer com que a cultura e asse verificar que os deão des que vvs aarticipante, podendo at um critumidor
tradições do povo dogons seja preservada. Alem disso é importante
observar que entre o turista e os habitantes há diferentes formas de
vivenciar o ritual. Por mais que o turista vivencie outra forma de
costume, ele sempre será influenciado pela sua cultura e verá o ritual
apenas como representação teatral. Ao
contrario da população local, onde a representação faz parte de seu
mundo real que é vivenciado por sua crença e seus deuses.
ARTE NAÏF
Arte Naif no Brasil significa gênero de pintura ingênua e às
vezes primitiva. Ser um artista Naif é mais um estado de espírito com
uma maneira pessoal de pintar. São autoditadas e suas pinturas não fazem
parte de nenhuma escola ou tendência. Os artistas pintam sem regras,
nem constrangimentos, eles podem ousar.
São
considerados os anarquistas do pincel pela sua forma irreverente de
pintar sem ter escola. Ente os artistas Naifs encontram-se sapateiros,
carteiros, donas de casa, médicos, jornalistas e diplomatas. A arte naïf ultrapassa o fato de se chamar de arte popular.
Nesta
arte o artista expande o seu universo particular, não se enquadra nos
moldes acadêmicos, sem tendências modernistas e sem o conceito de Arte
Popular. Isto a traz para uma faixa próxima da arte infantil, do doente
mental e por ultimo da arte primitiva, ao mesmo tempo em que não se
confunde com elas. O artista tem a sua fonte de inspiração nas
referências culturais de ilustrações dos velhos livros, das folhinhas
suburbanas ou das imagens de santos.
"Os artistas naïfs são forçosamente autodidatas no sentido que eles não receberam influência ou dirigismo de um professor de Belas Artes. Eles começam a pintar por impulso e procuram resolver as dificuldades técnicas com meios próprios, sendo perdoados quando as suas figuras não são perfeitamente
desenhadas ou quando aparecem erros de simetria e perspectiva. Porém, a experiência da prática ao longo dos anos pode proporcionar ao pintor naïf uma técnica apurada e certeira", Ardies. (http://www.artcanal.com.br/oscardambrosio/artenaif.htm)
Caracteriza-se
pelas pinceladas com cores fortes, sem um aspecto linear geométrico e
tem uma composição plana, bidimensional, com tendências de
simetria e linhas sempre figurativas. A arte Primitiva ou Naif é vinculada a arte popular nacional e de origem tipicamente brasileira.
Chamada
de arte primitiva por ser produzida por artistas considerados como
não-eruditos, e com temas populares inspirados no meio rural. Quando se
trata de um tema urbano, costuma-se chamar de Naif, onde tem mais
relevância
entre os artistas franceses e haitianos, como uma forma de rejeição das
regras convencionais da pintura, ou mesmo por não ter acesso a elas.
ARTESANATO
O campo do artesanato é democrático que permite todo o tipo de contribuição, desde que sejam feitos a
mão. As mudanças no artesanato ocorrem de forma coletiva e lenta e
muitas vezes não se sabe quem realizou. Alguns habilidosos artesãos não
criam, simplesmente reproduzem copias, mais mesmo assim podemos ter um
artesanato de alta qualidade. Algumas pessoas vão traz de copias, em
lugares específicos para esta reprodução.
Segundo
IGNARA (1999) existe muitos
destinos turísticos que estão se especializando na produção cultural,
exclusivamente para serem mostradas aos visitantes que irão receber. A
oficina de Agosto, local de produção do artesanato do distrito de
Vitoriano Veloso, conhecido mais popularmente por Bichinho, pertencente
ao município de Prados é um forte exemplo deste tipo de produção
cultural. O artesanato produzido em Bichinho é vendido e importado para
muitos países do mundo como peça de elemento artístico cultural.
O case Oficina de Agosto
HÁ
quase 10 anos atrás o artista plástico Antônio Carlos Bech, mais
conhecido como Toty, e sua irmã Sônia Vitalino resolveram compartilhar
com a comunidade de Vitoriano Veloso, Bichinho, suas habilidades
artísticas. Fundaram então a Oficina de Agosto nome do ateliê, da loja e
da marca, para funcionar além de um local de aprendizado e
aperfeiçoamento, como uma loja. Foi na Oficina de Agosto que, se não a
maioria da comunidade, boa parte dela desenvolveu a sua habilidade como
artesão.
Toty
e Sônia eram donos de um antiquário em São Paulo, quando tiveram a
idéia de fazer das pessoas que quisessem aprender o ofício de artes em
artesãos. Assim fizeram influenciados pelos antiquários, começaram a
usar madeiras de demolição e objetos antigos que
eram inesperados, como palha para criar quadros, bonecos, móveis,
luminárias e castiçais. Usaram os temas como Galinha d’angola, frutas,
pássaros e mesmo a comunidade para dar o ar de fazenda antiga.
O resultado deste espaço cultural foi a transformação
em um meio de vida para a comunidade, pois havia uma carência de
trabalho no lugar. A Lavoura era a principal atividade e boa parte da
população era de mulheres. A boa vontade do artista em ensinar
encontrava a habilidade das pessoas para o artesanato. Bichinho foi
consagrado pelos visitantes do lugar, que passaram a admirar e comprar
as peças produzidas na Oficina. Dentre o variado artesanato apresentado,
estão às esculturas de papel machê, de uma grande beleza e as peças
entalhadas de madeira, nas mais variadas formas.
O
meio ambiente também não é esquecido, através de materiais reciclados,
como latas, ferro, madeira, latas e tampinhas de refrigerante, garrafas
plásticas, outras lindas peças vão surgindo, e com certa sofisticação,
vão ganhando espaço. O objetivo dos coordenadores da Oficina de Agosto é
conseguir em curto prazo uma utilização de 100% de
material reciclado.
Os
funcionários da oficina são recrutados entre a própria comunidade de
bichinho, contam com a mão-de-obra de 50 pessoas na oficina e com 60
pessoas trabalhando todos os dias em suas próprias casas, considerados
como artesãos autônomos, capazes de abrir a sua própria loja.
Entre os autônomos estão os homens que começaram a vender suas
peças e a se firmarem como artesãos. Cada peça passa pelas mãos de 7 a 8
artesãos, que produzem juntos 500 peças por mês. Isto faz com que a
peça seja única, pelo muito tratamento que elas recebem.
Os visitantes da Oficina de Agosto por estarem visitando a cidade de Tiradentes, também vão ao distrito de Bichinho, participante do município de Prados, para fazer suas comprar. Dentre os clientes da Oficina estão 13 países onde a loja tem compradores, além de ter outras filiais nas cidades de Tiradentes e São Paulo.
Os visitantes da Oficina de Agosto por estarem visitando a cidade de Tiradentes, também vão ao distrito de Bichinho, participante do município de Prados, para fazer suas comprar. Dentre os clientes da Oficina estão 13 países onde a loja tem compradores, além de ter outras filiais nas cidades de Tiradentes e São Paulo.
A
Oficina trouxe grandes possibilidades para a comunidade. Como a
modernidade dos orelhões, celulares, e computadores. Porém esta
modernidade não tirou da comunidade a consciência do seu modo de vida
simples, que atrai os turistas e encanta os outros países. As casas
também chamam a atenção pela sua forma de construção de adobe, sem a
necessidade de asfaltar as ruas.
Como
acontece no distrito de bichinho. O contato do visitante com as
oficinas onde são feitas as obras, é importante para reforçar a idéia,
da cultura e do trabalho necessário para se fazer o objeto de arte, que a
pessoa precisa até chegar ao produto final, que encanta o consumidor da
peça. Sobre isto o autor Ignara (1999) declara:
O visitante deseja comprar lembranças típicas dos locais que ele visita. Assim,
colocar à disposição do visitante locais para que ele possa comprar o autêntico
artesanato é muito importante, como também é importante possibilitar ao turista
o acesso às oficinas de produção artesanal, para que ele acompanhe as técnicas de elaboração do artesanato. (IGNARRA, 1999, 120).
TURISMO CULTURAL
Considerado
como uma continuidade do passado o turismo cultural, é aquele onde,
alguns elementos da cultura, são avaliados pelos autores do turismo como
materiais ou imateriais em relação ao desenvolvimento de suas
potencialidades. Pode também ser definido como sendo as pessoas de fora
de uma comunidade receptora, que são motivadas de forma geral ou
específica, pelo interesse na oferta histórica do local, podendo ser
esta oferta artística, científica ou apenas um interesse pelo estilo de vida, tradições da comunidade, religião, grupo ou instituição.
Quando
o turista adquire um produto cultural, como uma arte popular ou um
artesanato, ele esta levando consigo as tradições, memórias e a
trajetória de vida que recontam a história da comunidade. O que
acontece, por exemplo, quando se compra uma colcha de fuxico, de crochê
ou de renda, o que se está fazendo é levando um pouco do passado,
prolongado no presente.
Ao
refletir sobre a continuidade do passado através de objetos culturais, é
possível resistir as mudanças da atualidade, através de um circulo
cultural que reforça uma cultura de crenças e valores antigos, em toda a
forma de
leitura, seja pelo comportamento da comunidade que recebe o turista,
seja por meio do olhar do turista para esta a
produção. Resgatando um olhar e uma percepção do que realmente é a
tradição daquele povo, em relação ao que é produzido para alimentar o
turismo de massa.
Os
artesanatos produzidos como arte popular, são reconhecidos por ser de
tradição familiar, ou seja, são as formas de produzir o objeto do mesmo
jeito que eram produzidos no passado, da maneira como foram aprendidos
por avós que aprenderam de bisavós, chegando até a nova geração, porém
com uma funcionalidade maior do produto, que passam a agregar valores
que influem no cotidiano do turista.
Portanto,
o que se procura neste tipo de turismo é a busca da importância dos
objetos considerados como materiais culturais. Nestes objetos o
simbolismo do ato de preservar a mesma técnica de confeccionar a peça, é feita
por gerações. È o que acontece com o artesanato e com a arte popular.
Eles despertam um especial interesse no segmento do turismo cultural,
pela busca de uma identidade cultural igual ou totalmente diferente a
sua.
Referências Bibliográficas:
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